terça-feira, 23 de setembro de 2008

Computador Magalhães
Hoje pela manha, esbocei um sorriso daqueles que já não me fazia sentir tão bem faz muito tempo..
Perplexos, perdão, perplexo pois não acredito sermos muitos, assisto a notícias e leituras por parte de jornalistas e pessoas de uma forma geral em que não só, não as reconheço e não as entendo como não concordo com a leitura parcial, subjectiva e irresponsável mas acima de tudo errada que estes fazem diariamente.
Ouço falar, faz já algum tempo de um computador, supostamente português, que de português não tem nada a não ser o nome e da importância em fazer chegar estes domínios tecnológicos a todos, se possível logo após o parto! Leio que o futuro deste pais passa pelo domínio destas tecnologias, ou seja, talvez como operadores!.
Finalmente, hoje revejo-me na leitura que um dado senhor faz na Rádio clube sobre estas tecnologias e congratulo-me de não estar senil ou mesmo haver gente inteligente que vai ao âmago da questão e não se fica por leituras superficiais e meramente mediáticas.
O computador ou a informática em geral, certo que deve ser um instrumento acessível a todos e se possível haver forma de fazer chegar esta tecnologia a todos que não tenham possibilidade económicas para tal, é sem dúvida um processo sem retorno, inquestionável no seu valor e mais-valia… um instrumento poderosíssimo…
Mas atendamos a duas coisas:
O perigo de que este substitua a capacidade e inteligência natural para passar a ser meramente artificial. Deixamos de saber pensar, deixamos de querer sequer exercitar as capacidades de que somos natos. No secundário, já a calculadora é um instrumento exigido! A historia são trabalhos retirados sem uma sequer leitura da net… e por aí fora.
Hoje falamos de iliteracia mas entendemos que o combate será , notem a afirmação - elevar o nível de licenciados em Portugal e aproximar ás médias europeias…
O elevar traduz-se em rácios, números e estatísticas!
O que na realidade assistimos é a um facilitismo que começa pelo ensino básico e primário.
Apesar de professor, sou bastante critico em relação á minha classe profissional pois com certeza afirmo que é um trabalho de maior responsabilidade social e cultural pois a consequência da nossa falta de profissionalismo e passividade é no mínimo calamitosa em termos de identidade nacional a um médio e longo prazo.
Se procurarmos de facto, leccionar a matemática, a física, a historia e o português, se com responsabilidade e responsabilizando-nos pelo nosso trabalho levarmos o ensino e a sabedoria a todos, penso que não serão meia dúzia de computadores que só servirão para uns quantos jogos e cada vez mais “individualizar o individuo” no seu quarto fechado em prejuízo da família, da convivência sadia, familiar e social, partilha, troca de conhecimentos em diálogos e confrontos de ideias.
Este é o segundo lado da questão. A segunda consequência nefasta e não entendida com seriedade por parte dos nossos pedagogos.
A sociedade está cada vez mais egoísta, dependente da maquina para fazer algo tão básico como.. pensar!, e certo de que estes computadores não são uma coisa positiva senão mais uma acção de diversão e profunda má perspectiva sobre o que queremos da nossa cultura e identidade.
Se investissem em modernizar as escolas e o ensino, apostar na qualidade (de facto), talvez a volta para casa, o jantar em confraternização, a vida familiar, sem novelas e computador em cada quarto se traduzisse essa sim num dignificar e crescente elevar e valorizar da nossa cultura.
Por consequência, os valores que deveriam de facto ser o mote e a atenção de todos, levariam a um melhor comportamento cívico, mais solidariedade, mais inteligência acima de tudo não artificial.
A minha vida profissional não é possível hoje sem computador. Mas o uso controlado e a recusa de que este controle o meu pensamento e ocupe o espaço/tempo que preciso para pensar, estão presentes (no final do dia). E (no final do dia), gostava que os meus filhos chegassem mais tarde a casa da escola e me contassem o que fizeram (no final do dia), (cansados mas felizes) nas salas de computadores confortáveis e apelativas, juntamente com os amigos, sobre os trabalhos da escola ou qualquer investigação e não chegassem a casa e directos aos seus quartos, brincassem tanto tempo com os seus Computadores Magalhães!

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