terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Problema do ensino em Portugal

O ensino da arquitectura em particular, sofre de três factores desfavoráveis:
1-A falta de preparação geral que os alunos cada vez mais apresentam na entrada das nossas universidades. A falta de cultura geral, a falta de bases mínimas em todas as áreas, mas cima de tudo, a falta de vontade própria para aprender e colmatar essa mesma falta de bases. A predisposição, curiosidade, animosidade com que o aluno leva o seu curso, supostamente numa área que escolheu e da sua paixão, deve despertar em si a vontade quase contínua e crescente de querer saber mais, saber melhor e cruzar a informação recolhida.
O espaço da universidade é por isso um campo de aprendizagem, mas na conjuntura actual e face ao famoso tratado, um meio e mero ponto de partido para um trabalho muito próprio, muito pessoal, de iniciativa individual.
As directrizes são dadas, num tempo reduzido em créditos e cada vez menor, mais específico e menos abrangente mas ao mesmo tempo limitado no espaço realmente dedicado a essa aprendizagem.
2- A conjuntura social, económica, politica e cultural que privilegia o “emburrecimento” e mera coexistência ao som das novelas importadas, realidades virtuais ou mais grave, consequentemente deturpadoras e manipuladoras, em detrimento do ensinamento e consequente aprendizagem.
Temos a acomodação a uma vida que já não é um sonho ou ambição mas um dado social adquirido que é passar por uma qualquer universidade e obter o tal título que só aqui em Portugal ganha o contorno e a arrogância que ele sustenta. O factor económico que ainda que, por estigma, associa esse tal titulo a um estatuto económico. Um diploma é um patamar. Um inegável e imprescindível cartão para incompetência generalizada, mas fundamental para se elevar a um cargo mais importante, por isso mais bem remunerado.
Politico! Aqui me detinha a grande dissertação sobre a polémica política exercida.
O que os nossos actuais e anteriores governantes fizeram e insistem em defender, esta politica, é a desvalorização do pensamento e da aprendizagem pela elevação ou crescendo cultural e de conhecimentos. Trata-se de rácios, de estatísticas para nos igualarmos aos níveis europeus.
Ora constata-se já que esta política tem surtido efeitos… è inacreditável a falta de preparação e cultura dos nossos candidatos a doutores.
A ideia deturpada, é por si a negação dos princípios estabelecidos, em tudo e em todos os temas.
A ideia subvertida e deturpada do que é a essência do tratado de Bolonha, leva a uma interpretação conveniente, quando na realidade, a essência até estaria correcta.
O tratado está correcto!!… a nossa preparação cultural e aplicação do mesmo, bem como interpretação dele é que é errada.
Isso é da responsabilidade da política educacional exercida.
Cultural por fim, porque, se cultura significa saber, então, cada vez mais, somos menos elevados. Saber menos, mas parecer deter a ordem e a autoridade, não é sinónimo de cultura mas sim… acultura. È a perversidade do conceito.
Enquanto não reflectirmos sobre a essência do homem enquanto ser pensante, apenas podemos aspirar a ser bons executantes, trabalhadores, cumpridores de funções... Cabe aos outros deter essa tutela - a de saber pensar!
De que vale querer sistematicamente fazer valer os nossos princípios, historia, cultura passada se estamos a negar esse mesmo passado com uma iliteracia e mais grave…, total falta ou ausência mesmo de inteligência e capacidade para reflectir, opinar, criticar.
O resultado será certamente, a criação de uma disparidade intelectual no nosso país…
Os inteligentes e capazes de formular opiniões debater e organizar o pensamento… as outras, incultas, isentas dessa capacidade. A diferença em relação ao passado é que essa classe inculta, agora fala, opina (sem saber o que diz e sem respeito pelo que o outro pensa)) e principalmente detêm o poder económico... Mas mais grave, ainda são eles mesmo que detêm os lobbies, os compadrios, as redes de influência na dita “Nossa Cultura”.
3- Por fim, e matando a equação, o período desatento dos nossos ilustrados governantes e responsáveis pelo ensino em Portugal, possibilitou a existência hoje de uma classe a que o Miguel Sousa Tavares chamou de “incompetentes mais bem pagos deste país”, e que na realidade são a classe única e responsável pela situação actual.
Foram recrutados nas gerações anteriores, (ou na minha), os recém-licenciados, sem experiencia pedagógica, sem preparação científica, sem o mínimo de responsabilidade e consciência do papel que esta profissão tem na qualidade profissional e acima de tudo humana dos nossos… “futuros”...
Claro que aqui me incluo, não fosse a minha consciência da realidade e a desesperada tentativa de conter e contrariar esta tendência.
Ser professor, é ter a responsabilidade de desempenhar a função com seriedade e rigor, mas acrescida da responsabilidade, consciência e consequência do que o “mau professor” pode criar na sociedade do futuro.
“Bós Bão fazer…” (numa reunião de pais e dirigido aos mesmos presentes, por parte da directora de turma e professora de português);… ou… "tinhas teste para 17 mas não me apeteceu"; ou casos flagrantes como alunos que “chumbam”, seis anos consecutivos numa universidade de arquitectura, numa disciplina de geometria descritiva, por não saberem representar… “um ponto”… mas paralelamente são professores da mesma disciplina de geometria descritiva no liceu da terra… e eu… novamente… explicador dos alunos deste…
… São casos, não de excepção, mas usuais e clarificadores do estado do ensino em Portugal.
Terminando e concluindo, o ensino deveria ser o instrumento perfeito para uma elevação do nosso nível cultural e por consequência social e comportamental ( a chamada educação e formação), sendo os agentes os maiores e mais importantes responsáveis pela importância do seu papel na sociedade.
Se os próprios governantes e dirigentes, são eles mesmos produto desta nova “levada” ou geração estamos perante não só um impasse, como uma impossível resolução do problema.
Acredito em duas coisas:
-Será cada vez mais criada uma operação maçónica de protecção a mentes iluminadas e elitistas que detêm, elas sim o conhecimento real, a formação, a conduta, a defesa dos princípios e valores que marcam e identificam uma sociedade.
-Aqueles que nem tempo perdem a reflectir sobre estas questões, não entendem sequer o discurso aqui proferido, ou se cansam a ler tão extenso mas elementar testemunho, serão elas próprias carrasco de sis mesmo.
Impera aquilo que a academia do porto, a cidade do porto e o norte vem reclamando desde sempre…
A revolução do algodão!...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Zelo da autoridade-GêNêErres

Vejamos um sinal de trânsito:

Tenho um carocha de 1954 que, como a antiguidade assim o denota, tem alguma dificuldade de travagem. Pelos calços de travões que se usavam, pelo sistema mecânico de travagem da altura, e por outro lado, a estrada em paralelo gasto, molhado, inclinada para as bermas, com uma largura de 6 m e uma valeta de 30 cm e por fim, um muro de pedra de 3 m em cada lado. Saídas de um qualquer tractor ou casa que ladeia a mesma estrada nacional, torna aquela recta em concreto perigosa. (E. N 13)
Ora, hoje passados mais de 50 anos, os carros são outros, com outra capacidade de travagem, com sistemas a A.B.S., a estrada asfaltada e drenada, com o dobro da largura, com margem e passeio, com valetas galgáveis, sem muros, sem casas e com uma visibilidade total…
Esta é uma situação real na estrada de ligação Póvoa - Esposende, percurso que o meu pai fazia no tal carocha e que eu, passadas duas gerações faço noutro carro com outro contexto.
Resultado:…O sinal é o mesmo!...Os mesmos 50 como limite de velocidade…
È precisamente ali que os nossos caríssimos agentes de transito, se escondem para a caça á multa…
È este “mal-senso” que impera na sociedade actual.
Não é a ”tolerância 0” ou a redução dos limites que vai resolver a situação mas uma real adaptação da lei ás novas realidades… Claro que isso não importa!!...
Isto para não falar de um famalicense idiota que propôs a redução de 120 K m nas auto-estradas para 118 K m pois contribuíria para uma real diminuição dos acidentes rodoviários na mesma via.
Ora, talvez se fossem 140 m o cidadão compreendesse que o limite era realmente aconselhável e indicado, em todas as situações.. e assim, não só cumpria este limite como se habituava, se todos fossem repensados nesta perspectiva a cumprir os demais..
Chama-se a isto, cultura!
Chama-se a isto coerência, chama-se a isto, comportamento cívico e social.
Termos a consciência que devemos respeitar os outros, mas ao mesmo tempo, á nossa volta habar coerência e lógica, e não a contra-lógica para obter fundos e criar situações ambíguas…
Ah, para que se saiba… os agentes que ali circulam, mesmo não tendo pressa, mesmo poupando a gasolina pois tem limites, e mesmo, para passear pois o tempo não lhes falta.. sim, esses, são os mesmos, que NUNCA cumprem os mesmo limites pois circulam mesmo á minha frente muitas vezes…

Questão de linguística

Hoje uma “empregada” é uma palavra conotada num sentido depreciativo. Aparentemente estamos a falar sobre algum subalterno, um mandatado, mas a dita “empregada”, a que se chamava muitas vezes de criada, seria alguém que ia servir para uma casa, ás vezes por impossibilidade dos pais a criarem e em troco da educação e sustento, esta prestaria vassalagem e trataria das limpezas.
A empregada seria alguém contratado para os serviços e as lides domésticas remuneradas.
Ora, hoje, não existem propriamente criadas porque já vão elas… bem criadas!! E assumem-se com a autonomia e estatuto não de serventia mas de profissionais de uma qualquer profissão..
Chamam-se assim auxiliares de limpeza, auxiliares administrativas, auxiliares de.. qualquer coisa..!!
Na minha opinião, falar de deficientes ou de doentes, continua a ser exactamente o mesmo e com o respeito que todos merecem, sendo menos capacitados fisicamente ou menos habilitados de saúde.
Hoje os doentes, depois de pacientes, passam a clientes nos hospitais, e os ditos deficientes a PMC (s), ou seja, pessoas de mobilidade condicionada.
Digo isto pois, quer juridicamente, quer pelo conceito e interpretação que a própria sociedade dá…(na tal conotação da palavra e da fonética), é importante definir o que é o quê, para legislar, e por isso melhor interpretar a lei aplicável.
Por exemplo os p.m.c., não são mais de facto, do que os deficientes (portadores de uma deficiência qualquer) talvez acrescido de outro grupo então não contemplado que são aqueles que, não tendo uma deficiência física, tem alguma dificuldade motora (velhinhos, pessoas com problemas de mobilidade, que não são de facto deficientes físicos, não tendo uma perna, ou um braço)…
Assim, a legislação actual sobre mobilidade é na realidade uma melhor ou possível interpretação do que deverá ser uma arquitectura que não crie de facto dificuldade àqueles que tem alguma dificuldade em ultrapassar barreiras que um cidadão normal tem.
Dai que é preciso o bom senso, para ao legislar entender (com legitimidade) este grupo mas não criar com o exagero, uma própria barreira á adaptação e lógica do uso do espaço…
Este é o problema da sociedade actual:
Por um lado, presa a terminologias do passado, que sofreram a legitima modernização e actualização e por isso não ser ofensiva, nem a sua substituição como o uso da palavra que lhe deu essa origem.
Por outro lado, o facto de que nos refugiamos numa aparente modernização ficando melindrados, ofendidos e até de uma forma arrogante entendemos ser ofensivo e desprestigiante a utilização de uma palavra que sempre teve a sua perfeita e legitima identificação.
Um trolha ou um doutor, pode ter a mesma carga negativa pela expressão e entoação da voz, mais do que a tradução e significado real da palavra.
O trolha é um trabalhador de respeito, que exerce funções na construção civil, rebocando, levantando paredes, assentando ladrilho, pois na realidade, o ladrilhador, o pedreiro ou o pintor, hoje resume-se não a uma especialidade dentro da construção civil, mas sim um dos muitos trabalhos que qualquer trolha desempenha. Resta saber até que ponto esta expressão ou denominação carrega em si o peso da qualidade ou a “desqualidade” dos trabalhos desempenhados.
Por sua vez, o “letrado tradicional Doutor”, como sendo o “douto” saber, a inteligência suprema de tirar um curso superior, hoje, não um dos muitos que menos dotados, representam apenas um diminutivo, para colocar antes do verdadeiro nome pessoal, esse sim dignificador da pessoa em si..
Afinal tudo isto é uma questão de linguística!...
Para o que importa, apenas uma observação…
Sejamos pelo nome e pelos valores reais que detemos, preocupemo-nos apenas não com o cumprimento estrito de uma lei mas apliquemos em primeira instancia o BOM-SENSO. e só de seguida e em caso de conflito a aplicação de regulamentos que foram criados apenas com o objecto de regular em tempo de “desregulamentos”!!
Talvez não fosse mau para todo o cidadão ler o preâmbulo da lei antes de qualquer artigo e.. já agora.. Por favor, uma lei que tenha sido redigida por doutos saberes antigos, porque ao ler as leis actuais, com atenção, percebemos que até o redactor ou o autor da lei já sofre desta iliteracia e falta de capacidade de expressão escrita.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A fiscalização dos Tomates em portugal

Hoje, como mais um dia de viagem matinal, ouço as curiosidades do dia na rádio a caminho do emprego!

A rádio serve de companheira de viagem. Pena são as noticias, pois dos jornais diários nacionais e informação televisiva fujo todos os dias e já estamos fartos.
Agora uma noticia de ultima hora:
Depois do desastre provocado pelos temporais, alguns “tomateiros”, deram inicio á reconstrução das estufas. Os proprietários, tomaram a decisão de não despedir os trabalhadores, mas sim, mãos á obra e com estes refazer e reconstruir o local de trabalho desses mesmos trabalhadores.
Ainda nem com direito a indemnizações possíveis pela catástrofe, um qualquer fiscal interrompe os trabalhos por não obedecer às condições mínimas de trabalho… !!!
Alegadamente a cota (altura) de algumas estruturas chegam aos 3 m”…

Meus senhores?!!...O que preferimos?
Que alguns trabalhadores se pendurem sem capacete numa estrutura de ferro a 3m do chão, para poderem manter os seus empregos e com vontade do proprietário, seguir em frente ou … recolher ao desemprego, auferindo até o mesmo ou quase, pois com um “biscate” noutro lado, até ganham mais do que o presente emprego…
O fiscal!... teria por acaso um desaguisado com a patroa em casa e por consequência necessidade de mostrar a sua autoridade ou foi mesmo no irresponsável e incompetente cumprimento das suas funções mandatado por outro incompetente qualquer…..


Este é o mal do nosso país…!!!
Como arquitecto, vejo obras e construções cheias de vícios e com falta de segurança, em incumprimentos vários legais…
Mas convenhamos que o problema da segurança neste pais é mesmo um qualquer desgraçado que se pendura a 3m de altura para poder mater o emprego e recuperar uma trágica destruição de uma estrutura e da cultura de tomates.
Haja tomates neste país para por cobro a estes fiscais zelosos e incompetentes em funções superiores.
Sejam estes a pendurar-se numa estrutura tão alta e perigosa… 3m e sem direito a subsídio de desemprego…
E temos aqui uma boa receita e resolução do problema.